Ao volante... Alfa Romeo MiTo 1.3JTD

Tive recentemente a oportunidade de conduzir durante 3 dias, e ao longo de +700km, a versão 1.3JTD (diesel) S&S de 95cv do Alfa Romeo MiTo e venho partilhar a minha experiência com vocês...

No primeiro impacto visual, rapidamente se conclui que o MiTo não é mais do que um Fiat Grande Punto com 'aspirações' a Alfa 8C Competizione! ;-)

A inspiração nas linhas do 8C joga a favor do pequeno Alfa, na medida em que é opinião mais ou menos consensual que as linhas do MiTo são, claramente, um dos seus pontos fortes! E eu também concordo... o carro é muito bonito e ainda bem que a marca optou por manter a exclusividade das 3 portas, pois contribui para o ar 'desportivo' do modelo.

Um ponto negativo que destaco desde já é a reduzida altura do pára-choques frontal ao chão, com o qual é facílimo raspar em todo o lado (nem com o meu antigo M3 me sentia obrigado a ter tanto cuidado!).

Um ponto que destaco pela positiva é o rigor de montagem, com folgas mínimas entre painéis e com alguns pormenores cromados a 'compôr' o aspecto final, dando-lhe ares de carro .... maior.

Passando para o interior.... na minha opinião, não é bom, nem mau e acho que é daqueles que se adora ou se detesta.... no meu caso.... hmmm.... não adorei!

O cuidado posto na montagem exterior, estende-se ao interior e apesar de uma escolha 'menos feliz' de alguns plásticos (sobretudo o plástico macio a imitar fibra de carbono, presente no tablier e portas), a robustez é evidente e mesmo em pisos mais degradados e/ou saltitantes, praticamente não há ruídos parasitas de maior.

Também as imitações de alumínio da consola central e volante são muito 'pobrezinhas' e, a meu ver, com uma tendência evidente para envelhecerem precocemente.

Sem ser um prodígio de espaço (para isso está lá o Giulietta), os lugares da frente são bastante desafogados, em detrimento de um espaço bastante mais acanhados para os passageiros do banco traseiro.
A mala, cumpre...

Os bancos da frente são rijos, poupando o corpo em tiradas maiores, mas carecem de regulação de apoio lombar para se atingir uma posição mais 'natural' ao volante (coisa que nunca consegui atingir a 100%).

Apesar de grande parte dos quilómetros terem sido feitos em Auto-Estrada , ou estradas com bom piso, não posso deixar de destacar o conforto de rolamento (para o que muito contribuíram as jantes de 16'.... acredito com 17' ou 18', o caso mude radicalmente de figura), ajudado por suspensões que, não sendo demasiado moles, são tolerantes q.b., sem grandes adornos de carroçaria ou oscilações nas transferências de massa.

O pequeno 1.3JTD é que podia ser só um bocadinho menos ruidoso em velocidades de cruzeiro para que o sentimento de  'carro maior' fosse mais evidente... Ah, e uma direcção menos 'leve' também era bem vinda....

Falando em motor, destaco pela positiva a resposta muito pronta ao acelerador, com o pequeno diesel a mostrar apetite por rotação, sem 'quebras' mesmo acima das 4.000rpm (regime de potência máxima), o excelente binário (na medida em que, há 10 anos atrás, era o valor apresentado por muitos 1.9) de 200Nm a um regime de apenas 1.500rpm, a contribuir para uma utilização fácil e descontraída.

Posso afiançar que os consumos verificados, pouco ou nada tem que ver com os consumos anunciados, sendo os 'reais' mais elevados. A média dos +700km ficou-se pelos 5.8l/100, com AC ligado e a médias constantes de 120/130.

Nota muito positiva para os travões, muito imediatos na resposta, a incutirem uma boa dose de confiança.

Em termos de equipamento presente, vivemos claramente na época do 'tudo incluído' e é impressionante o que se vai tornando habitual encontrar em carros deste segmento... dei por mim a pensar 'Então, não tem cruise control?' ;-)

Começo por elogiar o sistema Start&Stop presente! É muito imediato e quase imperceptível no seu funcionamento, sendo com toda a certeza o melhor de todos quanto experimentei até hoje.

O rádio CD com tomadas AUX e USB é sempre uma mais valia (ainda que os altifalantes fossem um bocadinho 'asmáticos'), o sistema Bluetooth também estava presente, ainda que fosse frequente a interrupção da ligação com o carro (tb poderia ser do telefone), AC automático bi-zona, uma carrada de airbags, ABS, Controlo de estabilidade.... por aí fora!

Um pormenor muito irritante... cada vez que destravava o carro, entalava o dedo indicador na base da consola central! O pessoal encarregue da ergonomia a bordo deve ter faltado no dia em que desenhavam aquela peça :-)

Outra coisa que também não gostei foi da inclinação dos pedais... não são bem de 'empurrar', são mais de 'carregar de cima para baixo'.... e no acelerador, é bom que se pise muito, porque o curso do pedal é looongo demais!

Pode-se sempre 'colmatar' o problema do acelerador com o 'gadget' DNA (Dynamic, Normal, AllWeather), seleccionando o modo 'Dynamic' o qual, basicamente, torna o acelerador mais 'imediato' e retira assistência à direcção para (supostamente) a tornar mais directa.... É giro, mas pouco interessante...

Se tivesse que classificar o MiTo numa escala de 1 a 5, dar-lhe-ia um 3,5...
Porquê?
Bom, porque é um carro esteticamente bem conseguido, confortável q.b., com 95cv sempre disponíveis e bem construído. Por outro lado, há materiais interiores de qualidade sofrível, a posição de condução não é das melhores, os consumos (para um 1.3) não impressionam e a ergonomia parece ter ficado 'esquecida' em algumas àreas.

Motor: 4 cilindros, diesel, 16v
Cilindrada: 1.248cc
Potência: 95cv/4.000rpm
Binário máximo: 200Nm/1.500rpm
Cx Velocidades: manual, 5 velocidades
Aceleração 0-100: 11.6s
Velcocidade máxima: 180km/h
Consumo médio (anunciado pela marca): 4.3l/100
Peso: 1.225kg
Capacidade da mala: 270litros