A família estava a precisar de mais espaço a bordo e os 4 lugares do M3 começavam a ser 'curtos'! Havia, no entanto, uma limitação complicada de contornar....eu tinha-me afeiçoado aos 286cv de potência do 6 cilindros 'M Power'...
Solução? Comprar um BMW 740i, com um V8 de 4.000cc com os mesmos 286cv!! Entra em cena o 74-92-HC!
É verdade! Tinha entrado no território da 'banheira de 5 metros'! ;-)
O carro em questão era então um 740i de 1994, numa versão bastante rara com caixa manual de 6 velocidades (ao contrário da esmagadora maioria com cx auto de 5 velocidades) e que apresentava pouco mais de 120.000km no contador!
O carro era importado da Alemanha e tinha pertencido a uma embaixada, estado numa condição de manutenção excelente!
Como outra coisa não seria de esperar, o equipamento desta versão era extremamente abundante, não lhe faltando absolutamente nada! Destaco a existência de cortinas eléctricas, 2 telefones (um à frente e outro atrás), mala com fecho eléctrico e bancos com regulação eléctrica.....atrás!!!
Os da frente também eram eléctricos, mas com memórias e aquecidos... um luxo arábico!
Em termos de prestações, e apesar de mantido o valor da potência máxima, houve um claro decréscimo, com 450kg de 'lastro' a justificar esforços redobrados para o motor!
Apesar de ser um V8, o motor mal se ouvia no interior, tal o cuidado posto na insonorização do habitáculo. No entanto, e em acelerações mais fortes, percebia-se perfeitamente o que estava debaixo do capô!
A excelente insonorização marcava ainda a sua presença em altas velocidades de cruzeiro, onde, no interior, a única coisa que se ouvia era o (excelente) rádio!
O conforto estava num nível absolutamente desconhecido para mim, tendo o carro uma capacidade inacreditável para transformar qualquer 'caminho de cabras' numa verdadeira auto-estrada de suavidade. O 'HC' tinha sensores de estacionamento à frente e atrás o que, em situações de maior 'aperto', constituíam uma ajuda preciosa.... é que sempre são 4.98m de comprimento e quase 2m de largura!
Lembro-me que fazer inversões de marcha com este carro era algo de particularmente divertido pois, para além da profusão de 'beep-beep-beep', havia a sensação de se estar a manobrar uma traineira, baloiçando para a frente e para trás.... para quem enjoa facilmente, era um carro a evitar!!
Em termos mecânicos esteve muito bem, limitando-se a precisar dos consumíveis habituais e de.... gasolina.... aliás.... muuuita gasolina!
Os consumos de um V8 com 4.0 litros,num carro a rondar as 2 toneladas de peso, não poderiam ser baixos, mas confesso que às vezes eram assim.... incomodativamente altos! Médias de 22 litros/100 não eram invulgares e tinha que fazer velocidades de 120/130 se quisesse ver o computador de bordo andar mais perto dos 13/14 litros/100.
Ainda assim, e apesar do peso 'extra', o 740i brilhava no campo das performances; 7s dos 0-100 para um 'peso-pesado' não é propriamente pouco, nem tão pouco os 250km/h de velocidade máxima, limitada electronicamente.
O binário era generoso e muito disponível desde rotações muito baixas, tanto que era possível circular, tranquilamente, na estrada marginal, em 6ª velocidade, a 60km/h! ;-)
A mala com mais de 500 litros de capacidade, chegava e sobrava mas.... só tinha um problema... tinha que se ter muita atenção ao sistema de fecho eléctrico, pois um dedo de uma criança no sítio errado, no momento errado, poderia ditar uma ida directa para o hospital!
História curiosa sobre a mala eléctrica:
Chegado à cidade da Covilhã para uns dias com familiares, e preparando-me para fazer o check-in no hotel, desço ao estacionamento subterrâneo para recolher as bagagens do carro. As chaves do 740i tinham 3 botões, 'abrir', 'fechar' e um 3º botão que servia só para destrancar a mala. Como tudo o que eu precisava estava na mala, e com o carro totalmente trancado, optei por destrancar só a mala. Tirei o que necessitava e, inadvertidamente, havia pousado o porta-chaves dentro da mala!! Retirado o último saco, fecho a mala.... com as chaves lá dentro!!!!! Como o carro se encontrava na posição de 'trancado', uma vez fechada a mala, não é possível voltar a abri-la do exterior!
Portanto, estava a 300km de casa, com a bagagem fora do carro (felizmente) e a chave do mesmo, dentro da mala! Meeedp!!!
Liguei ao meu mecânico (era sábado à tarde) e felizmente, atendeu-me o telefone!
Depois de resumir o sucedido, ele riu-se e disse-me: 'Oh pá, nesses carros isso está sempre a acontecer!' :-(
De seguida, disse-me para arranjar um berbequim, com uma broca de 7mm e uma chave de estrela com mais de 10cm.... E eu cada vez mais baralhado!!
Instruiu-me para tirar a chapa de matrícula traseira, e traçar o ponto médio entre os dois parafusos que a fixavam...Depois de encontrado o ponto médio, medir (mais ou menos) 5 a 6 cm para baixo e fazer aí um furo com o berbequim!!! Ok, eu ia, a olho, furar a chapa do meu carro!!!! Engoli em seco, e lá fiz o furo! Depois, era tudo uma questão de sorte.... com a chave de estrela, através do dito furo, tinha que 'tatear' até encontrar o gatilho do fecho eléctrico da mala, o qual, uma vez accionado, a faria abrir! Tanta sorte tive que não foram precisos mais do que 30 segundos para ter a mala aberta e recuperar a minha chave!!
Uf.....!! Lição aprendida! O botão de destrancar só a mala, por via das dúvidas, nunca mais foi utilizado! :-)
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